domingo, 5 de abril de 2009

Eduardo Dusek - Brega Chique (1984)


























Eduardo Dusek é ator, cantor e compositor. Nascido no Rio de Janeiro, começou cedo a carreira artística como pianista de peças de teatro. Mais tarde passou a compor suas próprias canções e montou uma banda.

Muitas de suas composições aliam sátira e bom humor. O LP "Brega Chique", cuja faixa-título mais conhecida como "Doméstica", é uma sátira social no clima do teatro besteirol da época.

Brega Chique (Doméstica)
(Eduardo Dusek) - Faixa nº 07



Foi trabalhar recomendada pra dois gringos
Logo assim que chegou do interior
Era um casal tipo metido a grã-fino
Mas o salário era tipo um horror
A tal da madame
Tinha a mania esquisitona de bater
Lhe baixava a porrada
Quando a coisa tava errada
Não queria nem saber

Doméstica
Ela era doméstica
Sem carteira assinada
Só caía em cilada
Era empregada doméstica

Nunca notou a quantidade de giletes
Não reparou a mesa espelhada do salão
Não perguntou o que que era um papelote
"Baixou os homi" e ela entrou no camburão
Na delegacia
Sua patroa americana ameaçou
Lembra que eu sou uma milionária
Eu fungava de gripada
Não seja otária, por favor

Doméstica
Traficante disfarçada de doméstica
Era manchete nos jornais
O casal lhe deu pra trás
Sujando brabo pra doméstica

No presídio aprendeu com as "companheira"
A se dar bem a descolar como ninguém
Ficou famosa no ambiente carcerário
Como a mulata que nasceu pra ser alguém
Pois não é que a...

Doméstica
Conseguiu uma prisão doméstica
Saiu por bom comportamento
Mas jurou nesse momento
Vingar a raça das domésticas

Então alguém lhe aconselhou logo de cara
Dá um passeio e vê se arranja algum barão
Porque melhor que interior ou que uma cela
É ter turista e faturar no calçadão
Até que um dia
Um Mercedinho prateado buzinou
Era um louro alemão
Que lhe abriu a porta do carro
E lhe tacou um bofetão

Doméstica
Virou uma baronesa doméstica
Mesmo com as taras do barão
Segurou a situação
Levando uma vida doméstica

Realizada em sua mansão em Stuttgart
Ouvindo Mozart e Beethoven de montão
Com um pivete mulatinho pela casa
Que era herdeiro e de olho azul como o barão
Precisou de uma babá
Botou um anúncio bilíngüe no jornal
Seu mordomo abriu a porta
Pruma loira meio brega
Uma yankee de quintal

Doméstica
Era a americana de doméstica
A nega deu uma gargalhada
Disse agora tô vingada
Tu vai ser minha doméstica


Serra da Boa Esperança
(Lamartine Babo) - Faixa nº 11



Serra da Boa Esperança
Esperança que encerra
No coração do Brasil
Um punhado de terra
No coração de quem vai
No coração de que vem
Serra da Boa Esperança
Meu último bem

Parto levando saudades
Saudades deixando
Murchas caídas na serra
Bem perto de Deus
Oh, minha serra
Eis a hora do adeus
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu luar
Adeus

Levo na minha cantiga
A imagem da serra
Sei que Jesus não castiga
Um poeta que erra
Nós os poetas erramos
Porque rimamos também
Os nossos olhos nos olhos
De alguém que não vem

Serra da Boa Esperança
Não tenhas receio
Hei de guardar tua imagem
Com a graça de Deus
Oh minha serra
Eis a hora do adeus
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu luar
Adeus

2 comentários:

ana de toledo disse...

Ai que saudade desse LP!! A cara dos meus anos 80!! Fui vê-lo várias vezes no Teatro Ipanema!!
Um beijão

Cris Carriconde disse...

Adoro essa música, Helo! Amo esse disco. Tinha todos os Lps dele.

Quando tive que fazer "academia" por causa do joelho, encontrava sempre o Dusek puxando ferro. Ele está muito bem e eu sem força de vontade pra voltar.

Beijo