quinta-feira, 4 de março de 2010

Johnny Alf - Olhos Negros (1990)


























Foto: Camilla Maia (Agência O Globo)
Composição: Helô


O disco de hoje foi publicado aqui no dia 1° de julho de 2008. Republico em homenagem ao grande Johnny Alf, falecido nesta data em São Paulo. Acrescento ainda uma ótima crônica de Ruy Castro escrita para o caderno Opinião da Folha de São Paulo (09/05/2009), por ocasião dos 80 anos de Alf.

Rapaz de bem

RIO DE JANEIRO - O pianista, compositor e cantor Johnny Alf fará 80 anos no dia 19 próximo. Se todos os artistas que ele influenciou se dessem as mãos, a corrente humana iria de Vila Isabel, na zona norte do Rio, onde nasceu, em 1929, a Santo André, no ABC paulista, onde mora há dois anos, numa casa de repouso, desde que se submeteu a uma cirurgia e a um longo tratamento.
Exceto por alguns shows promovidos por seus fãs - Leny Andrade, Alayde Costa, Emilio Santiago, Cibele Codonho -, não se sabe de homenagens à altura da sua importância. Neste aniversário, ele mereceria um ciclo inteiro de espetáculos reunindo músicos de sua turma (ainda há muitos na praça) e das gerações mais novas, reconstruindo sua obra em vários contextos: orquestra, pequeno conjunto, piano solo, vozes, gafieira, jam session.

Os museus da Imagem e do Som do Rio e de São Paulo promoveriam palestras e debates sobre o estado de coisas na música popular quando ele apareceu ao piano de uma boate carioca em 1952 e de como, pouco depois, tivemos a bossa nova. O próprio Johnny gravaria um extenso depoimento para esses museus. Uma TV produziria um especial a seu respeito. Uma editora lançaria seu songbook. E seus discos, sempre difíceis de encontrar, seriam relançados. Mas não há nada disso programado.

Johnny não tem aposentadoria nem plano de saúde. Vive de uma pequena poupança e dos caraminguás de seus direitos autorais -e olhe que ele é o autor dos sambas "Rapaz de Bem" e "Fim de Semana em Eldorado", do baião "Céu e Mar", dos sambas-canção "O Que é Amar" e "Eu e a Brisa" e de muitos outros standards da música brasileira. Os 80 anos de Johnny começam daqui a alguns dias e levarão um ano para se completar. Ainda há tempo para homenageá-lo. De preferência, com ele ao piano.


Sem comentários :(






























Eu e a Brisa
(Johnny Alf) - Faixa nº 8
Canta: Gilberto Gil

Ah, se a juventude que essa brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco
Eu poderia esquecer a dor
De ser tão só
Pra ser um sonho

E aí, então, quem sabe alguém chegasse
Buscando um sonho em forma de desejo
Felicidade então pra nós seria

E depois que a tarde nos trouxesse a lua
Se o amor chegasse eu não resistiria
E a madrugada acalentaria a nossa paz

Fica! Oh, brisa fica, pois talvez quem sabe
O inesperado faça uma surpresa
E traga alguém que queira te escutar
E junto a mim queira ficar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Charlie Byrd with Orchestra - More Brazilian Byrd (1967)


























Junto com o aniversário de fundação do Rio de Janeiro, Rio em Disco comemora hoje o seu 2° aniversário. A imagem da capa foi escolhida em homenagem ao Zecalouro, do Loronix. Como já disse aqui outras vezes, Zeca foi um dos primeiros incentivadores à criação desse blog cedendo gentilmente as capas postadas em seu ótimo site. Vida longa para ele e para todos nós! Obrigada aos visitantes, inscritos, e parabéns ao Rio pelos 445 anos de fundação e pela riqueza musical que possui. Fiquem com Charlie Byrd, um dos grandes divulgadores da música brasileira nos Estados Unidos na década de 60.



























Felicidade
(Tom Jobim e Vinicius de Moraes) - Faixa n° 10
Com Charlie Byrd (violão) e Orquestra



Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Prá que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fim
Felicidade sim